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mesma.outra.igual

Retomou o fôlego, como se nunca houvesse respirado antes, deixou que as lágrimas saíssem de seu coração petrificado para deixar tudo pra trás, retocou o batom e tomou a postura que tanto odiava, fingiu que nada havia acontecido, enquanto jogava seus sonhos fora, sonhos que a humanidade tinha dado a ela, sim, a mesma humanidade que a fez jogá-los fora, alguns saiam do lixo flutuando, outros voando, outros correndo, mas ela matou todos, um por um, com a tal espada que destrói miragens, tudo que havia restado era sua boca que não sabia mais sorrir e ela, com tanto orgulho, conservava. Ria de casais, risos debochados de quem morria de dó, havia um desperdício muito grande em limitar sua vida em uma outra, com milhares de pessoas no mundo, não se pode querer uma só, no fundo, o mundo é uma orgia gigante e ela continuava rindo, como se só ela soubesse disso. NÃO, a maioria que raciocinasse um pouco, saberia também, mas para fingirem ser normais, faziam de conta que não sabiam. Malditos hipócritas, antes de morrer ela enlouqueceria e tacaria ovos nas casas dos normais do mundo inteiro! Depois de um plano de vida tão concreto, o peito não doía mais, ela provavelmente engoliu alguma das tantas pedras no caminho e a tal foi parar no coração, vejam só! Não há espaço para dois, cuspiu fora o coração e a pedra continua lá, bombeando sangue, desprezando amores. Garota, não seja tão destrutiva, mas tende piedade dos outros corações, assim como eles tiveram piedade do seu, ou seja, nenhuma!

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