de fato, alguém matou o melhor de mim, e deixou comigo somente a vontade de viver, sem sentir que a vida vai e você fica. E decisões tem que ser tomadas, fatos consumados, palavras ouvidas e sentimentos furtados. As coisas são esquecidas rápidas demais, os sentimentos mudam demais, tudo vai ficando retrógrado não importa o quão recente esteja seu surgimento. Se cada passo não for planejado com cuidado sua vida não terá sido vivida, mas para ter cuidado, é preciso pensar, e para pensar, é preciso tempo, tempo é algo que não temos. Nascemos sem tempo, ao passo que você nasce, já vai perdendo tempo, todas as frações de segundo escorrem por seus minúsculos dedinhos, e mais tarde você descobre que passou a vida inteira fazendo planos, que não terá tempo o suficiente para realizar. É tudo muito contraditório e essa vida torna-se totalmente ingrata. Pouco me importa se no fim da vida estarei maluca em um hospício, brincando de pregar botões em árvores, ou se estarei como saxofonista de um bar de jazz, mal sucedido em São Paulo, eu só quero olhar a lua e a estrelas, enquanto elas me olham com tanta doçura e beijam minha face tão intensamente em noites longas de verão. O que eu quero não é estar certa ou errada, é apenas poder caminhar na adrenalina das horas que me desrespeitam, passando tão depressa...
A vida é mesmo uma imensa estrada com várias bifurcações ao longo do caminho. Somos obrigados a todo momento a escolher e escolher significa renunciar. Estamos sempre renunciando de algo, ou seria escolhendo, optando por algo? Depende do ponto de vista. E essas escolhas por vezes tem toda poesia contida em si, ora não são nada poéticas. Chegamos a uma altura da vida, que pensar demais nas renúncias que fizemos, traz a tona uma imensa saudade. A famosa saudade do que ainda não vivemos, talvez o que nunca vamos chegar a viver, porque não pagamos pra ver. Não é uma saudade que dói, mas uma saudade que atiça a curiosidade, longe de arrependimento, por mais que a vida esteja funcionando bem no caminho em que estejamos andando, os pensamentos, as idealizações e a dúvida sempre vem. É uma saudade que não pode ser matada, esse caminho pode ainda estar ali e se apresentar de novo em nossa jornada, porém não estará exatamente como estava no passado, e digo isso me baseando na teoria de Herá...
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