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The more you change, the less you feel

Pra que foi que você voltou?
Você que veio ressuscitar meu passado, eu gostaria de avisar que aquela garotinha revolucionária foi assassinada, aquela que fazia você se sentir vivo foi brutalmente massacrada. Não pude evitar sua morte, quando vi ela já havia sido substituída.
Não sou nem sombra do que eu era, hoje sou somente acidez, sarcasmo e humor pesado. Só faço pensar em coisas "de adulto", já não tenho mais frio na barriga, hoje aceito a idéia de ser sozinha no meu "felizes para sempre".
Estou tão perdida quanto você, com todas estas extinções de sentimentos na vida, aquela música do Landau já não me sensibiliza, me pego estática encenando uma falta de ar de quando te via chegando, quando escondida do mundo, deitava no teu colo buscando proteção. Hoje eu mesma me protejo, se não protejo, bato de frente com o que for preciso. Já faz tanto tempo...9 anos que nós nunca encerramos o que a ocasião começou, o tempo não apagou mas o vento foi me levando, a maré subiu. Porque não tomamos nenhuma providência? Porque deixamos o véu do tempo sufocar?
Nos tempos atuais sou só uma boneca de cera, que perdeu o coração em algumas das vielas, nas sarjetas, construções, nas escadas de algum prédio. Pensar em se relacionar ficou junto com aquele nosso primeiro encontro, aquele brigadeiro pode não voltar a ser tão doce quanto era, o que não significa que eu não me lembre de tudo, dos nossos encontros por vezes a cada 1 mês, quando eu sumia...a cada 3 meses, e quando não pude mais, a cada 4 anos. Ou até mesmo aqueles onde tudo o que acontecia era apenas um "Oi desconhecido, tudo bem?", lembro até de quando o cumprimento era apenas um aceno com a cabeça e sorriso de canto de boca, a troca de olhares. Pensando bem nos encontrávamos sempre, mas na maioria das vezes não nos ligávamos.
Sempre fomos fortes, sempre quisemos conter o fogo que não podíamos. Ele apagou, mas as cinzas ainda estão aqui. Eu estou intrigada com a sua presença e com a forma de não lhe sentir mais presente.
É só uma inquietação, vontade de se sentir viva, mesmo depois de já ter declarada a minha morte.

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